segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Oficina de Sensibilização

Através da Alegoria da Caverna, Platão chama a atenção para homens que se encontram acorrentados em uma caverna desde a infância, de tal forma que, não podendo se voltar para a entrada, apenas enxergam o fundo da caverna, onde são projetadas sombras das coisas que passam às suas costas, onde há uma fogueira. Caso um desses homens conseguisse soltar-se das correntes para descobrir, à luz do dia, os verdadeiros objetos, quando regressasse para contar, entusiasticamente, o que vira, não teria o seu entusiasmo acatado nem o crédito do que informaria, e seus antigos companheiros o tomariam como louco. No sentido epistemológico, Platão compara o acorrentado ao homem comum, que se deixa dominar pelos sentidos, pelas paixões, e, com isso, só absorve um conhecimento imperfeito da realidade, limitado ao mundo no qual as coisas são meras aparências e estão em constante fluxo e denomina esta contemplação de opinião. Quando a razão supera o mundo da ilusão e consegue atingir o mundo das idéias, dos verdadeiros modelos arquétipos, fazendo com que o homem liberte-se das correntes, Platão diz que ele, o homem, passou a ser filósofo e que as idéias são mais reais que as próprias coisas. Trocando em miúdos: a caverna é o mundo das aparências em que vivemos e as sombras projetadas no fundo representam, exatamente, aquilo que não percebemos. As correntes são nossos preconceitos e opiniões, nossas crenças, de que o que estamos percebendo é realidade. Mas quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? É o filósofo, aquele que tem amor pelo saber. E a luz do sol é a verdade, a nossa realidade.
Tudo isso para enaltecer a postura do CENTRO DE EDUCAÇÃO APOENA, que, numa atitude de rendição às mudanças, escolheu o caminho coerente da busca do melhor, expondo-se à críticas e colocando-se receptivo à sugestões, numa visão de crescimento fundamentado, calcada na discussão dos partícipes do processo e acreditando no trabalho conjunto e na força da partilha de idéias. Assim, aconteceu no último dia 23, sábado, em Fortaleza/CE, a OFICINA DE SENSIBILIZAÇÃO APOENA, com a participação dos seus colaboradores dos Estados do Amapá, Sergipe e Ceará, numa oportunidade ímpar de congraçamento e troca de experiências, com o objetivo de um crescimento alicerçado por pilares como o “saber ouvir”, o comprometimento e normas ditadas a partir das discussões. A sensibilização, com certeza, enriqueceu o nosso olhar, tornando-o mais aguçado e perspicaz para o mundo das idéias.
Parabéns ao APOENA.
Lygia Prudente

domingo, 24 de agosto de 2008

Saudades do Cine Palace (9)

A grande tela cinemascope do Cine Palace “cabia bem” um épico como DOUTOR JIVAGO (Doctor Zhivago), 1965, Direção de David Lean, com Omar Sharif, Julie Christie e Geraldine Chaplin, vencedor de 5 Oscars, com 3 horas e 21 minutos de duração, filme de grande sucesso, com a famosa composição de Maurice Jarre, Tema de Lara na sua trilha sonora. Os épicos daquela época eram filmes longos, alguns tinham até quatro horas de projeção, e continham abertura, ou seja, após o Cine Jornal (traillers não eram exibidos por motivo do filme principal ser muito longo), e o Certificado de Censura, as luzes da sala eram acesas, a imagem na tela escurecia, começando-se a ouvir a trilha sonora do filme. Quando a mesma acabava, voltava a imagem a aparecer, com a vinheta da companhia cinematográfica, no caso a Metro Golden Mayer e aí sim, começava o letreiro, o filme propriamente dito. Todo preparativo para o espectador entrar no clima. No meio do filme, outra interrupção, a imagem escurecia, aparecia na tela: INTERVALO. Começava-se a ouvir novamente a trilha sonora quando eram acesas as luzes da sala, o que durava cerca de dez minutos. No caso do DR. JIVAGO, o intervalo acontecia na cena em que o trem entra em um túnel, e tudo fica escuro. Volta-se ao filme quando o espectador começa a ouvir o barulho do trem, a tela começa a clarear e aparece o trem saindo do túnel, encerrando-se assim o intervalo. Era um tempo em que se apreciava a sétima arte sem pressa. Não era a um simples filme que se assistia, mas a um espetáculo. Um espetáculo cinematográfico...

Armando Maynard

domingo, 17 de agosto de 2008

Voto - a arma do cidadão!

Em outubro de 2008, teremos eleições para Prefeitos e Vereadores em todos os municípios brasileiros. É um momento propício, para que os eleitores, exercendo seu direito de cidadão contribuinte, dêem uma resposta aos políticos com discurso fácil, mas sem compromisso com o povo, e que pensam somente em seus interesses, esquecendo das propostas feitas em campanha, logo que são eleitos. A carência dos municípios é muito grande, sem saúde, educação, emprego, segurança, moradia e transportes. Está cada vez mais difícil as condições dos mais pobres, doentes e mal alimentados, sofrendo com salários aviltantes e aposentadorias miseráveis, agravadas, cada vez mais, por uma injusta distribuição de renda, que grassa por todos os municípios brasileiros. Os humildes eleitores, políticamente alienados e desinformados, sem alguma consciência do valor de seu voto, vivem enganados com promessas de campanhas, feitas por políticos aproveitadores da ingenuidade de nosso humilde e bom povo. É bem verdade que em toda regra há exceções. Existem muitos políticos sérios, éticos e idealistas, angustiados por não poderem solucionar tantos problemas existentes, principalmente nas camadas mais pobres da população. Além de serem freqüentadores assíduos da Câmara e preocupados realmente com seus munícipes, votam com a consciência, mesmo contrariando seu partido (de oposição), mas que para ele, valem as propostas e projetos apresentados, que venham a beneficiar o povo. Já outros, vivem a negociar e barganhar o tempo todo, interessados tão somente nas benesses do poder, tratando os eleitores com assistencialismo, trocando soluções, idéias, propostas, plataformas, compromissos e planos de administração, por pagamentos de contas de água, luz, dando tijolos, areia, cimento, telhas e remédios, tudo isso antes do pleito, com o fim de comprometer o pobre eleitor a votar nele como agradecimento, roubando-lhe o direito sagrado de escolher aquele que melhor o representaria, isto quando não compram diretamente o seu voto. Depois que conseguem o que almejam, que é a vitória nas urnas, eles viram as costas, não lhes dando a importância devida, pelos votos que o sufragaram nas urnas. O próprio povo também esquece rápido até em quem votou. Este quadro só irá mudar quando a população for mais informada e esclarecida, tendo certo grau de conscientização, instrução, politização e independência, cobrando dos seus representantes e acompanhando o candidato que elegeu, em toda sua trajetória na Câmara ou na Prefeitura do seu município, podendo assim, avaliar seu desempenho e decidindo se o mesmo merece ocupar um cargo público. Caso tenha errado ou se enganado na escolha, na próxima eleição use sua maior arma política – O VOTO, fazendo com que este político não retorne ao cargo que não fez por merecer, começando assim o processo de saneamento, extirpando-o da vida pública.
Armando Maynard

domingo, 10 de agosto de 2008

Cinema Vitória

O Cinema Vitória ficava no último trecho da Rua Itabaianinha, em Aracaju/ Sergipe, onde hoje é o prédio das Lojas Americanas. Dos cinemas do centro foi o primeiro a fechar. Pertencia à Ação Solidária dos Trabalhadores, Instituição ligada à Igreja Católica. Ela tinha mais dois cinemas no Bairro Siqueira Campos. O Vitória era um dos maiores da cidade, numa época em que era comum os cinemas possuírem mais de mil lugares. As cadeiras desconfortáveis, eram todas de madeira, sem estofamento algum e que faziam parte da anarquia dos jovens freqüentadores, que ao baixarem os leves assentos para sentarem-se, faziam com muita força, provocando o “bate-volta”, para causar grande barulho. Isto provocava a expulsão do anarquista do cinema, quando flagrado por policiais, cujas presenças às sessões, nesta época, era comum. O teto da sala de espera do Vitória era todo ilustrado com pinturas das logomarcas das companhias cinematográficas, como a Universal, Metro, Colúmbia, Paramount e outras. Na sala de exibição haviam seis grandes ventiladores, muito barulhentos, com hélices parecidas com as de avião. Uma vez aconteceu da hélice de um deles topar na grade de proteção, assustando a todos.
Dois filmes fizeram grande sucesso junto à família sergipana, no finzinho da década de 50: o clássico espanhol “Marcelino Pão e Vinho” (1955), com Pablito Calvo e a triologia SISSI, com a bela Romy Schnaider - Sissi (1955), Sissi, A Imperatriz (1956) e Sissi e seu Destino (1957). Épicos que foram sucessos de bilheteria em sua grande tela cinemascope: Spartacus (1960) com Kirk Douglas e Exodus (1960), com Paul Newman, com uma trilha sonora marcante. O Vitória exibia muitos faroestes, mas, dois clássicos do gênero ficaram na memória de todos, até pelas suas trilhas sonoras: Sete Homens e um Destino (1960), com Yul Braynner, e Três Homens em Conflito (1966), com Clint Eastwood. Logo depois que foi extinta a censura no Brasil, o Vitória passou a ter a qualificação dada pelo Órgão Censor de “Cinema Especial” e passou a exibir filmes que continham cenas de sexo explícito, como o Império dos Sentidos (1976), que gerou grande curiosidade e polêmica, ficando mais de um mês em exibição, fato inédito em Aracaju. Vinha gente de todo o interior do estado para assisti-lo. Outro, foi “Calígula” (1979), com Malcolm McDowell.
Grande êxito de público, também, foi o filme nacional “Dona Flor e seus Dois Maridos” (1976), com Sônia Braga.
Uma das companhias exclusivas do Cinema Vitória era a Condor Filmes, cuja vinheta de apresentação provocava uma anarquia entre os jovens e alguns adultos, que começavam em coro a fazer: xô, xô, xô, como se estivessem espantando o condor, que estava na imagem da tela, pousado, e logo alçaria vôo, desmanchando-se graficamente, transformando-se ao mesmo tempo na palavra apresenta, quando já se podia ver na tela os dizeres: Condor Filmes Apresenta. Na sessão da tarde, sabia-se do seu início, quando o funcionário começava a fechar as portas – e olha que era uma quantidade enorme de portas – as luzes da sala acendiam-se e logo sem seguida, ele subia a escadinha do lado direito do pequeno palco, para abrir, manualmente, a cortina. Neste momento um comercial da loja de discos “A Sugestiva”, era ouvido no auto-falante da tela. A sessão ia ter início. Já se podia ver a vinheta do cine jornal da Atlântida e, logo em seguida, a da Universal, ambas exclusivas do Cinema Vitória.

Armando Maynard

sábado, 9 de agosto de 2008

Fazendo as Honras da Casa...

No último dia 4, a UVA/ORES recepcionou os seus alunos, iniciando assim o seu período letivo, em Aracaju, com todo o garbo. A palestra do gaúcho Áttico Chassot, professor há 47 anos, licenciado em Química, Mestre e Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com pós-doutoramento na Universidade Complutense de Madri, foi o ápice da noite. Na platéia, cerca de quinhentas pessoas, dentre estas, Alunos, Professores, Diretores e Convidados, ouviram atentamente o tema discorrido com maestria sobre educação e ciência e a necessidade de se "formar jardineiros cuidadores do Planeta", considerando o momento competitivo em que vivemos, a exigir, cada vez mais, uma postura coerente de ações na busca da convivência pacífica e respeitosa com o "outro". E elucidações tais quais as abordadas pelo Prof. Áttico Chassot só acrescentam e proporcionam reflexões. Brilhante... é o adjetivo que qualifica a aula inaugural para os alunos da UVA/ORES.
Lygia Prudente

domingo, 3 de agosto de 2008

Rede Telefônica de Sergipe

A Rede Telefônica Sergipana, funcionou até 29.12.1972, data em que nasceu a TELERGIPE. Ficava na Rua Laranjeiras, próximo ao Cine Aracaju. Nessa época os aparelhos telefônicos eram pretos, pesados, com um disco giratório que constavam a numeração de 1 a 0. Daí a palavra “discar”, tão em voga. Hoje seria digitar, ao invés de ligar, como se fala usualmente. Para se conseguir uma linha, por volta de l969, tinha que se esperar bastante, e... haja paciência. Poucas famílias possuíam telefone, que era um verdadeiro “bem”, incluía-se até em inventário. Para se fazer e receber ligações de outros estados, dependia-se da telefonista. Num domingo ensolarado, a Central recebeu um pedido de uma ligação, vinda da cidade de Salvador, para uma família de Aracaju. A telefonista tentou várias vezes a ligação, o telefone chamava...chamava...mas, ninguém atendia. Quando do retorno, em resposta ao pedido da ligação, a telefonista em vez de informar que o telefone da residência solicitada não atendia, foi mais “precisa”, dizendo “NÃO TEM NINGUÉM EM CASA, FORAM TODOS PRA ATALAIA”. É que nessa época Aracaju não tinha outro lazer, a não ser a Praia de Atalaia, onde realmente todos iam aos domingos.
Armando Maynard