terça-feira, 27 de maio de 2008

PARA REFLETIR

As nuvens mudam sempre de posição, mas são sempre nuvens no céu. Assim devemos ser todo dia, mutantes, porém, leais com o que pensamos e sonhamos; lembre-se, tudo se desmancha no ar, menos os pensamentos.
Paulo Baleki

ENTRE DOIS AMORES


A versatilidade do cineasta Sidney Pollack atrelada à sensibilidade percebida nas emoções que conseguia produzir, torna a perda mais doída. Cineasta com grande visão, sabia buscar o sucesso de público e, consequentemente, muitos prêmios, dirigindo com maestria, drama, suspense e comédia. Muitos foram os seus filmes de sucesso e dentre eles: Tootsie, uma comédia clássica e a Noite dos Desesperados, um dos mais elogiados. Nada comparado com Out of África ( Entre Dois Amores).
Em Entre dois Amores, Robert Redford, um sedutor caçador e Meryl Streep, uma baronesa casada com um mulherengo incorrigível, são os principais personagens de uma fascinante história verídica de Karen Blixen (a baronesa), mulher de coragem que dirige uma plantação de café no Quênia.
É, sem sombra de dúvidas, o filme mais sentimental de Pollack. Premiado com 7 Oscars, entre eles o de Melhor Filme e Direção, a trama torna o momento inesquecível quando Redford convida Meryl para voar com ele por sobre a paisagem africana. O êxtase provocado pela beleza do passeio, faz com que os dois se dêem as mãos e, acalentados por uma trilha sonora espetacular ( John Barry - Theme Out of Africa), levam os espectadores a um delírio contido.
Enfim, é um filme sobre a vida, o amor, a paixão e a perda, e por isso mesmo, encantadora história de amor.
Lygia Prudente

MANIFESTAÇÃO CULTURAL: a veia da nossa história

O povo é o sumo da sua própria cultura. Os seus hábitos constituem a história e a tradição que se perpetuam e embasam o comportamento das novas gerações. E é este “vício” que não pode ser menosprezado.
A globalização, naturalmente, impõe um novo paradigma, que, prudentemente, deve ser agregado aos costumes regionais já arraigados, e peneirados em consonância com os valores morais e culturais, fundamentando o comportamento das novas gerações.
O Nordeste é um rico celeiro de hábitos e costumes inerentes a um povo, que, na sua simplicidade, representa a fortaleza do ser humano ante os obstáculos que a vida lhe impõe. Por conta dos modernismos, desencadeia-se, radicalmente, um processo de aculturação, que de uma forma tida como natural, provoca uma descaracterização do folclore regional que representa as nossas raízes, alicerce da cultura local, e que se encontra em toda parte: nas cadeiras na calçada, nos remédios populares, nas frases nos caminhões, nos provérbios, nas superstições, nas danças, as comidas, nas festas, etc.
É preciso que haja uma conscientização no sentido de semear o que é realmente “nosso”, defendendo a fundamentação destes hábitos. Os festejos juninos estão aí e representam uma oportunidade ímpar para o começo deste resgate, prestigiando e enaltecendo o verdadeiro forró, o pé-de-serra, aquele com gostinho de interior, de saudosismo, de roda de família. As fogueiras esquentam o mês de junho para as homenagens aos santos católicos: Santo Antônio, São João e São Pedro e para a apresentação das quadrilhas.
Enfeita-se a casa com palhas de coqueiro, para ter a aparência de um verdadeiro arraial, com bandeirolas, iluminando bem toda a área da festa com gambiarra e até mesmo lampiões. A culinária tem o seu papel de destaque, tendo como ingrediente primordial e imprescindível o milho, porque sem ele não provaríamos o sabor da canjica, pamonha, bolo, etc.
Neste período não podem faltar os fogos de artifício e o mastro ao lado da fogueira, em cuja brasa assa-se o milho verde.
Portanto, entre neste clima e reacenda a paixão pelos folguedos juninos, saboreando o prazer de momentos preciosos.
Lygia Prudente

domingo, 25 de maio de 2008

REFLETINDO

"É muito melhor alcançar triunfos e glórias mesmo expondo-se a derrota do que ormar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito e nem sofrem muito, pois vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece nem a vitória nem a derrota."
Fernando Kunzel

sábado, 24 de maio de 2008

SAUDADES DO CINE PALACE

O RITUAL MÁGICO E SAUDOSO DA SESSÃO DO CINE PALACE, NOS ANOS 60.

Ao som do prefixo musical "Ebb Tide" (Maré Baixa), algumas luzes da sala diminuiam a sua luminosidade gradativamente e outras, apagavam-se, permanecendo somente a tela iluminada com as luzes brancas. Soavam então, as três badaladas do gongo eletrônico. Todos ficavam em silêncio e, no palco, começava o jogo de luzes: para cada badalada, acendiam-se, dos dois lados do pequeno palco, fachos de luz nas cores verde, azul e, por último, vermelha, que iluminavam toda a tela. Havia uma fileira de lâmpadas, também vermelhas, na frente da mesma. Iniciava-se a projeção : primeiro, o Cine-Jornal. Lentamente, a cortina motorizada (acionada pelo projecionista na cabine), abria-se, de forma a permitir a projeção do Jornal. Já se podia visualizar, na tela, o Certificado de Censura. Só nesse momento, apagavam-se as luzes vermelhas, e a música do prefixo silenciava. Após a exibição dos traillers, quando do início do filme, abria-se mais a cortina, de acordo com o formato do mesmo: vistavision (adaptado) ou cinemascope. A abertura do ascope era feita lentamente, abrindo a lente aos poucos até ocupar toda a tela. Quando o filme dava mostras de que já ia terminar, e antes de surgir na tela o The End, as luzes vermelhas voltavam a ficar acesas, seguidas das luzes brancas do palco, e, finalmente, toda a sala ficava iluminada, quando a cortina fechava-se, lentamente, ao som da música Afrikaan Beat.
Armando Maynard

A MAIS PURA EMOÇÃO



"Emoção sólida, dessas que se pode cortar em fatias com uma faca." Assim descreveu Fernando Meirelles a respeito deste momento único, ao constatar a manifestação de extrema sensibilidade de José Saramago, ao final da exibição de "ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA". A pureza e a simplicidade de um famoso escritor, Prêmio Nobel de Literatura 1998 e a ansiedade quase infantil e travessa de um cineasta ante o julgamento silencioso e "secular", se entrelaçam numa cena da mais pura emoção, com um desfecho ainda mais supremo : o êxtase de Fernando Meirelles ante a aquiescência formal de Saramago, à vida que ele proporcionou à sua fértil imaginação.

Lygia

sexta-feira, 23 de maio de 2008

ESTAMOS DE LUTO

É lamentável !
A morte do Excelentíssimo Senador Jefferson Peres, deixa uma considerável lacuna no círculo político brasileiro. A sua honradez e firmeza de princípios éticos farão falta ao Brasil, neste momento politicamente conturbado. A explícita escassez de pessoas com opinião própria e coerência de ações, deixa enlutado o povo brasileiro e faz-nos avocar o grande Rui Barbosa, numa última homenagem à decência de um verdadeiro político.
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude,a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. (Rui Barbosa)

RECOMENDO

Uma coisa de cada vez
"Certa vez, muito intrigado, um discípulo abordou seu velho mestre:– Como o senhor, de idade tão avançada, parece ainda mais novo do que nós? Como pode estar sempre tão bem disposto e alegre?A resposta veio em seguida, mas naquele tom calmo, comum aos sábios, ondulante e com todas as pausas:– Quando eu como, eu como. Quando eu durmo, eu durmo. Este pequena história, de nobre mas desconhecida origem oriental, nos dá pistas para investigar um tema que muito nos interessa nos dias de hoje: a dificuldade que temos ao tentar fazer uma coisa de cada vez. O homem é um ser explorador por natureza. Graças a essa característica espalhou-se pelo planeta, povoando todos os continentes. No entanto, a mais importante das explorações do homem deveria a ser a exploração de si mesmo, de seu mundo interior, intrapsíquico, espiritual. O “conhece-te a ti mesmo” socrático encontra apoio na psicologia moderna, que deseja um homem autoconsciente, equilibrado, senhor de seus pensamentos e de seu destino. A exploração interna, entretanto, tem estado em crise. Informações, tarefas, cobranças, desejos, ofertas, temos tudo em excesso. Não dá tempo para que olhemos para dentro, porque temos muito aí fora para olhar. Além disso, a vida moderna às vezes faz exigências paradoxais. Aquelas que, quando você atende a uma, não pode atender à outra. Manda você estar ligado a todos os assuntos ao mesmo tempo, “antenado”, “plugado”, “conectado”, só para usar alguns dos neologismos pertinentes, mas também manda você ser calmo, sereno e criativo. E dá pra ser tudo isso simultâneamente?Lembro-me de um amigo praticante de yoga que foi convocado para servir o exército. Ele me disse:– Está sendo uma boa experiência. A única coisa que não entendo é quando o sargento manda a gente encolher a barriga e encher o peito de ar. Como fazer isso, se para respirar fundo eu preciso baixar o diafragma, e então não dá para encolher a barriga?O mundo atualmente também é assim. Manda você respirar fundo e encolher a barriga. O principal de todos os conselhos “modernos” que costumamos receber, e às vezes dar, é que devemos ser “multimídias” – fazer várias coisas, ter diversas habilidades, usar muitos canais de comunicação, mudar de atividade continuamente. Os seres multimídia queixam-se, entretanto, de algumas dificuldades:
• é necessário ser especialista e generalista ao mesmo tempo;
• lidar com o volume de informações que, se por um lado são o oxigênio da maioria das profissões, são intoxicantes em função de seu excesso;
• fazer várias coisas ao mesmo tempo com a mesma qualidade obtida em tarefas de dedicação exclusiva;
• multiplicar o tempo, que parece cada vez mais raro, e que escorre entre nossos dedos.
O homem moderno tem de parar e pensar. Perceber que rupturas não são modernas, mas novas propostas, sim. O moderno sente o presente, olha para o futuro e utiliza o passado como ensinamento. O moderno não despreza o que a humanidade pensou, escreveu e produziu nos últimos seis milênios, e sim adapta esse legado à atualidade.De repente você se descobre em um mundo com muita atividade, muita informação, muita exigência e pouco tempo. É uma combinação explosiva, cujo resultado pode ser representado por produtividade baixa e estresse alto. A não ser – felizmente sempre há um “a não ser” – que você se organize, e não apenas em termos de agenda, mas em termos de qualidade mental. A primeira lição: o cérebro trabalha melhor quanto mais focado estiver. Concentração é sinônimo de qualidade."
MUSSAK, Eugênio - Uma coisa de cada vez: atitudes para viver melhor. São Paulo: Editora Gente: Vida Simples, 2006

OUSE!!!

"É melhor atirar-se em luta, em busca de dias melhores, do que permanecer estático como os pobres de espírito, que não lutaram, mas também não venceram. Que não conheceram a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de sua jornada na Terra, não agradecem à Deus por terem vivido, mas desculpam-se diante dele, por, simplesmente, haverem passado pela vida."
Bob Marley

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A ATUAL FACE DE EVA

Mulher... mulher!
A teimosia, ousadia e coragem de algumas – poucas – verdadeiras e transparentes mulheres, permitem-me – sem feminismo improcedente - registrar o que penso sobre a educação e o papel feminino na família até então, homenageando esta que foi e, acredito, continuará sendo o alicerce da imponência de fortalezas masculinas.
A história mostra que na estrutura familiar, a educação e orientação dada àquela criatura, considerada delicada e frágil, sempre foi a de subserviência, obediência e renúncia, treinada todo o sempre para a profissão que lhe coube: o casamento. E assim o homem, forte, viril e poderoso, poderia reinar sem contradições, sem interferências, com a mulher a lhe servir, numa relação embasada quase sempre pela imposição do pai que achou ser aquele o caminho mais certo, o caminho da felicidade. A conformação e a falta de opção, muitas vezes, levava essa relação a um desfecho menos doloroso, considerando que o coração puro, virgem, sensibilizava-se pela aproximação grotesca e mecânica do seu senhor, entre quatro paredes, e a convivência fazia nascer um sentimento de amor, de adoração, que não podia sequer ser manifestado. Séculos e séculos testemunharam essa intimidade e o ranço que tudo isso deixou ainda fere rosados corações, nos dias de hoje.
A educação feminina estava estreitamente relacionada com as atividades desenvolvidas pelo “belo sexo”. A sua formação tinha somente o casamento como meta. O cuidado com a casa e com os filhos era a sua aspiração máxima. A mulher da classe social mais alta deveria aprender apenas a tocar piano, falar francês, bordar, costurar. A agulha se sobrepunha à caneta, e o escrever, para a mulher, requeria muita força de vontade e a própria transcendência do seu sexo, pois se afastavam de sua atividade primordial de esposa e de mãe, deixando de lado quem ela devia servir e cuidar. Esta imposição foi conseguindo ser burlada e chegamos ao ápice de termos um legado inestimável de obras escritas por mãos femininas que sem dúvida alguma precisam ser conhecidas e propaladas. Vale a pena salientar o sentido de inspiração e de consciência de sentimentos que, as entrelinhas deste poema de Pérpetua Vale, escrito por volta de 1939, faz transbordar as inquietações de uma luta pelas suas próprias vontades:

“Por isso dentro em minha alma
Dá-se um conflito travado
Entre o desejo infinito
E o pensamento acanhado!”

A falta de instrução contribuiu para que a mulher assumisse atitudes de incapacidade e de medo. Não era estimulada a desenvolver sua capacidade intelectiva e a leitura feminina devia restringir-se ao livro religioso.
Durante muitos séculos a mulher viveu submissa unicamente para servir ao homem seu senhor, e criada desde o berço para reprimir seus desejos e para ser escrava e companheira do homem dando-lhe sexo e alimentação.
Não se esqueçam que a mulher foi feita a partir de um fragmento da costela de Adão. E Adão levou a sério o seu poder. Assim sendo, esse poder tornou-se a primeira representação da idéia de conflito na história humana. A Eva, arraigada em cada uma de nós e moldada todo sempre para atender as exigências da sociedade patriarcal, começou, aos poucos, a se desvencilhar do Adão, libertando-se do jugo masculino e com competência, tem provado o seu valor no espaço da sociedade que só o masculino valorizava – o mercado de trabalho – mostrando que o sexo frágil nunca foi tão frágil assim e fazendo surgir um novo conceito de mulher batalhadora, teimosa, charmosa, eficiente, competitiva, forte e sedutora. A dita "Amélia" está desaparecendo. A realização profissional está vindo em primeiro plano.
É importante lembrar que as mulheres não garantiram apenas o sucesso profissional pois, assim como os homens, algumas irão conseguir e outras irão fracassar e frustrar-se profissionalmente, mas, talvez, tenham conquistado o direito de fracassar por conta própria ou a satisfação de ter sucesso pelos próprios méritos.
A mulher hoje, na sua fortaleza disfarçada, representa o suporte tão necessário ao homem nos momentos de dificuldade, de dor, de carência. Será que é tão difícil compreender e enxergar isso sem que seja preciso nenhuma manifestação de feminismo contundente, nem discussões acirradas, infrutíferas e mascaradas? A tolerância e a sensibilidade que caracterizam o comportamento feminino permitem ao homem a suprema condição de chefe da família, de cabeça do casal, de respeitado pai, de adorado amante.
Subserviência, jamais! Amor, paixão, cumplicidade e companheirismo, sempre!
Lygia

SOLIDÃO - vista por CHICO BUARQUE

"Solidão não é falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
Isto é carência!
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isto é saudade!
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...
Isto é equilíbrio!
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe, compulsoriamente, para que revejamos a nossa vida...
Isto é um princípio da natureza!
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
Isto é circunstância!
Solidão é muito mais do que isto...
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma!"

CARÊNCIA OU CARINHO?